ATA DA
TRIGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA
LEGISLATURA, EM 11.05.1987.
Aos onze dias
do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Trigésima Sexta Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona
Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos
Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Auro Campani,
Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis
Brum, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra,
Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Luiz Braz, Mano
José, Nilton Comin, Paulo Satte, Paulo Sant'Ana, Pedro Ruas, Rafael Santos,
Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Wilson Santos e Flávio Coulon.
Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os
trabalhos e determinou ao Ver. Wilson Santos que procedesse à leitura de trecho
da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Trigésima
Quinta Sessão Ordinária que, juntamente com a Ata da Trigésima Quarta Sessão
Ordinária, foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Frederico Barbosa,
01 Indicação, sugerindo ao Sr. Governador do Estado a instalação de um aparelho
telefônico, tipo “orelhão”, na Rua José Bento Corrêa esquina Av. Mãe Apolinária
Matias Batista; pelo Ver. Jaques Machado, 01 Pedido de Providências,
solicitando capina e limpeza na área reservada para futura via pública,
localizada no Jardim do Salso, nas proximidades da Rua Graciliano Ramos, 388;
pelo Ver. Marcinho Medeiros, 01 Pedido de Providências, solicitando a
instalação de uma sinaleira no cruzamento da Av. Assis Brasil com Salvador Leão
e Xavier de Carvalho que deverá funcionar combinada com a já instalada na
esquina da Av. Assis Brasil e Abaeté; pelo Ver. Wilson Santos, 01 Pedido de
Providências, solicitando calçamento na rampa sob o Viaduto Ubirici, em frente
ao prédio n.º 878 da Rua Brasiliano de Moraes. Do EXPEDIENTE constou Cartão da
Sra. Secretária da Justiça do Estado. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Clóvis Brum
solidarizou-se com o Secretário de Segurança Pública, Dr. Valdir Walter, pelo
trabalho que vem realizando na direção daquela Secretaria, comentando a forma
pacífica com que foi resolvido o problema da invasão do conjunto residencial
Parque dos Maias e analisando a atuação da Brigada Militar frente ao grande
número de movimentos reivindicatórios que vêm sendo observados de parte da
população. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado
Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratamento de
Saúde, no período de onze a dezoito do corrente mês. Em continuidade, o Sr.
Presidente declarou empossado na Vereança a Suplente Ana Godoy e, informando
que S.Exa. já prestara compromisso legal nesta Legislatura, ficando dispensado
de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria a integrar a Comissão de Urbanização,
Transportes e Habitação. Ainda em COMUNICAÇÕES, o Ver. Flávio Coulon
congratulou-se com a Presidência e os funcionários da Casa pela manutenção dos
trabalhos deste Plenário durante a greve do funcionalismo municipal. Teceu
comentários acerca da tabela utilizada pela Secretaria Municipal dos
Transportes para o cálculo das tarifas dos transportes coletivos, conforme a
nova metodologia aprovada por este Legislativo, salientando as dificuldades
hoje enfrentadas pela Secretaria Municipal dos Transportes em face de sua
carência de pessoal técnico especializado no assunto. Apoiou a luta empreendida
pelo Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul contra a construção da
Ferrovia Norte-Sul, em vista dos elevados custos financeiros da mesma. O Ver.
Frederico Barbosa lamentou o não-comparecimento do Secretário Municipal dos
Transportes junto à Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, onde
deveria prestar informações acerca da instalação de quebra-molas em Porto
Alegre. Discorreu sobre a difusão que vem sendo feita junto à comunidade, da instalação
deste equipamento, destacando a necessidade de estudos aprofundados do assunto
antes da tomada de medidas concretas quanto à questão. E o Ver. Adão Eliseu
comentou declarações feitas, ontem, pelo Ministro do Exército, acerca da
situação político-econômica do País, salientando o significado do reinício da
participação das forças armadas na política brasileira. Destacou a importância
de que sejam retomadas no País as lutas em busca das melhorias políticas,
econômicas e sociais exigidas pela população. Após, constatada a existência de
“quorum”, foi aprovado Requerimento oral do Ver. Hermes Dutra, solicitando a
inversão da ordem dos trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Ver. Brochado
da Rocha, falando sobre a política salarial existe no País, que tem levado a um
número crescente de movimentos reivindicatórios de parte dos trabalhadores,
atentou para os reflexos que isso ocasiona na classe política brasileira e
destacou a necessidade de posicionamentos coerentes e medidas concretas de
todos os partidos para que esta situação possa ser alterada. Salientou a
importância da valorização dos partidos políticos como bases receptoras das
lutas de nosso povo. Questionou os interesses internacionais que se encontram
atrás da crise atualmente enfrentada pela Nação. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a
Ver.ª Ana Godoy teceu comentários sobre a situação crítica enfrentada pela
política nacional e a ameaça da intervenção das forças armadas no Rio Grande do
Sul. Falou sobre a repressão exercida pela Brigada Militar, na madrugada de
ontem, durante a retirada dos invasores do conjunto residencial Parque dos
Maias. Declarou o apoio do PT aos grevistas estaduais e municipais, analisando
a luta dos mesmos contra a inflação e o arrocho salarial. O Ver. Mano José
falou sobre a greve dos funcionários municipais, dizendo da justeza da mesma,
em vista da defasagem de seus salários frente ao atual custo de vida. Criticou
a posição adotada pelo Prefeito Municipal quanto ao assunto, declarando que tal
autoritarismo nunca foi observado de parte do Executivo Municipal. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão: Projeto de Lei do Executivo n.º
27/87, discutido pelo Ver. Flávio Coulon; Projetos de Lei do Executivo n.ºs
25/87, discutido pelo Ver. Hermes Dutra; 26/87; Projeto de Resolução n.º 35/87;
em 2ª Sessão: Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 22; 23; 24; 19/87; Projeto de
Resolução n.º 07/87; Projeto de Lei Complementar do Legislativo n.º 03/87;
Projetos de Lei do Executivo n.º 25; 26/87; Projeto de Lei do Legislativo n.º
21/87, discutido pelo Ver. Flávio Coulon; Substitutivo de autoria do Ver. Paulo
Satte, ao Projeto de Lei do Legislativo n.º 07/87; Projeto de Lei do
Legislativo n.º 20/87; em 3ª Sessão: Projeto de Lei Complementar do Executivo
n.º 18/86, discutido pelo Ver. Flávio Coulon. A seguir, foi solicitada
verificação de “quorum” pelo Ver. Jorge Goularte. Constatada a inexistência de
“quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezesseis horas e trinta e
sete minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de
amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Brochado da Rocha, Teresinha Irigaray, Luiz Braz, Gladis Mantelli e Frederico
Barbosa, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Jaques Machado,
Teresinha Irigaray, Luiz Braz e Nilton Comin, os três últimos como Secretários
“ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo
Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Passamos ao Grande Expediente. Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Desejo registrar, nesta tarde, a minha solidariedade ao Sr.
Secretário de Segurança Pública Dr. Waldir Walter, que vem tentando administrar
os problemas da sua pasta com dificuldades, é verdade, mas com equilíbrio, com
grandeza e com elevado espírito público. Na manhã de hoje, praticamente sem
nenhum gesto da Brigada Militar, as pessoas que haviam invadido o conjunto
residencial do Parque dos Maias e a Morada do Vale II retiraram-se destes
locais atendendo a uma determinação judicial do mesmo juiz que havia concedido
uma liminar na tarde de ontem.
Parece, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que uma onda forte de
reivindicações, através de invasões e de greves, toma conta do Rio Grande do
Sul e principalmente da Capital. É um fato social. São as camadas mais pobres
que procuram, através desse meio, um lugar para colocar os seus filhos, para
abrigar os seus filhos. No entretanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há um
estado de direito e há um ordenamento a ser preservado. O que tem feito o Sr.
Secretário da Segurança Pública? Em primeiro lugar, no movimento grevista dos
funcionários do Município, foi tão-somente colocar setores da Brigada Militar à
disposição do Prefeito por solicitação de S.Exa., eis que o Prefeito Alceu
Collares formalizou um ofício ao Secretário de Segurança, pedindo proteção aos
imóveis municipais, para os prédios públicos do Município, e o Secretário,
incontinenti, teve que cumprir. Por outro lado, a Caixa Econômica Federal, como
principal credor da massa falida da construtora Guerino, também pediu ao Sr.
Secretário de Segurança Pública proteção para os imóveis da massa falida. O
juiz de Porto Alegre deu uma medida liminar - não me lembro o nome do juiz
agora - para a manutenção daquelas pessoas que haviam invadido esses bens da
massa falida, que pertencem agora, rigorosamente, à Caixa Econômica Federal. E
foram mantidos. Ficaram durante a noite. E hoje de manhã ouviu-se a decisão,
ontem dada, para que hoje de manhã fossem retiradas estas pessoas, que saíram
sem a necessidade da intervenção da Brigada Militar.
Mas eu desejo também dizer que, diante do problema formado, das
eloqüências com que os oradores se conduzem à frente destes movimentos,
evidentemente que fica um tanto difícil para que a Brigada Militar cumpra a sua
tarefa. E eu quero dizer que a Brigada Militar, a meu juízo pessoal, tem sabido
se portar, tem sabido se conduzir diante da gravidade desses movimentos
reivindicatórios.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, eu acompanho o seu pronunciamento,
mas, estando presente no dia de ontem, durante quase todo o dia, junto com
outros Vereadores desta Casa, lá no Parque dos Maias, eu quero dizer que ontem,
realmente, a Brigada não adotou nenhuma medida repressiva em relação aos
ocupantes dos conjuntos. Nem hoje. Mas isto devido, justamente, à intermediação
de parlamentares federais, estaduais, aqui do Município, das entidades de apoio
aos sem-teto da Grande Porto Alegre, porque, na véspera, a Brigada realmente
agiu com violência para cima dos ocupantes do Parque dos Maias, usando
cassetetes, cães amestrados e bombas de intimidação. Esta realmente é a versão
dos fatos que eu gostaria de trazer a V.Exa. e aos demais integrantes desta
Casa. Ontem nós tivemos, à frente do contingente, um capitão muito sensível à
situação social que está-se vivendo em todos esses casos de ocupação de
conjuntos, mas obedecendo a ordens superiores. Tive, pessoalmente, a
oportunidade de intermediar junto ao Secretário Waldir Walter, que era a única
autoridade nessa área que se encontrava na Capital e com quem tivemos a
oportunidade de contatar, e ele realmente argumentou que havia a necessidade de
garantir o patrimônio da Caixa Federal, que hoje seria a síndica da massa
falida da Guerino. Agora, nem o Secretário, a quem faço justiça, que realmente
procura ter um comportamento não-agressivo, nem os comandantes daqueles
pelotões jamais nos mostraram qualquer ordem judicial de desocupação daqueles
conjuntos. O que houve foi um “habeas corpus”, impetrado pela Advogada Ruth
D’Agostini, cujo magistrado despachou o pedido de informações, e lá pelas
tantas houve uma ordem contrária do próprio magistrado dizendo que não concedia
nenhum salvo-conduto para aqueles moradores, de maneira que a coisa ia
continuar na base do confronto. Na manhã de hoje, fomos acordados às cinco
horas da manhã. A Brigada Militar estava pronta para desocupar na base da
força, se fosse necessário, o conjunto, com animais amestrados e com todo o seu
aparato. Só não ocorreu porque lideranças conscientes estavam lá, intervieram e
convenceram os ocupantes a sair do prédio para que não ocorresse uma repressão violenta
como estava-se esboçando.
Desculpe o alongamento do aparte, mas trago esse depoimento para que a
Câmara fique consciente dos fatos ocorridos no Parque dos Maias a partir de
sexta-feira à noite.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato a V.Exa., Ver.
Caio Lustosa, e devo dizer a V.Exa. que ontem, por ocasião do ingresso de um
pedido de “habeas corpus” preventivo, o juiz não despachou o pedido, não
deferiu a liminar, porque se tem 24 horas, por lei, para se prestarem essas
informações. Pois a Brigada Militar, através da Secretaria de Segurança
Pública, informou imediatamente ao Sr. Juiz, que, posteriormente, examinando
essas informações, denegou o pedido de “habeas corpus” preventivo. Deveria ser,
mais ou menos, esse tipo de procedimento. Mas, de qualquer maneira, não estamos
vivendo aqueles tempos em que o Secretário viajava aos fins-de-semana. O
Secretário de Segurança Pública esteve sábado e esteve domingo na Secretaria. O
Comandante-Geral da Brigada esteve sábado e esteve domingo no Comando da
Brigada. Não foram viajar, não foram para suas casas. Permaneceram atentos ao
problema grave que estava ocorrendo na Cidade. E o Secretário de Segurança
Pública, hoje de manhã, quando contatava com esta liderança, Ver. Caio Lustosa
- a bem da verdade, para que se registre nos Anais, e fazia um registro
especial a V.Exa. -, tinha conduzido o diálogo, juntamente com o Dep. Raul
Pont, do PT, no sentido de encontrar uma solução. E também faça-se justiça ao
juiz, que, mesmo negando a liminar, fez um pedido ao Secretário de Segurança
Pública para que não se retirasse nenhuma família durante a noite, o que
realmente foi atendido. Nenhuma família foi molestada na noite passada, e elas
todas saíram livremente, sem qualquer problema, na manhã de hoje.
A ação da Brigada Militar, nesses casos, é uma ação da força pública.
Não é um colégio de freiras que vai tirar os invasores, as pessoas que
ocuparam. Nós não podemos aqui “tocar confete”. Há um patrimônio invadido; há
uma decisão judicial para desocupar a área, tem que ser desocupada. Agora,
vamos evitar a violência e vamos dizer que nós não desposamos a violência. A
tese do Secretário de Segurança Pública é a de que se pode desocupar os
imóveis, se pode cumprir a lei sem violência. Essa tem sido a tese principal, a
preocupação do Dr. Waldir Walter, e não tem medido esforços nesse sentido. E a
Brigada Militar tem procurado cumprir a sua parte, tem procurado dar a resposta
que a sociedade necessita, porque a sociedade depende, para sua tranqüilidade e
para a sua segurança, do trabalho diuturno que a Brigada Militar vem
realizando.
O Sr. Adão Eliseu: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, eu compreendo perfeitamente o
aparte do Ver. Caio Lustosa, que parte de uma pessoa bem-intencionada, mas que
não compreende as técnicas, as táticas da repressão política, do trabalho
policial, onde o policial, para fazer valer a autoridade que ele representa,
precisa fazer demonstração de força para não usá-la, até para não usá-la.
O SR. CLÓVIS BRUM: Aliás, Vereador, prepara-te
para a guerra e terás a paz. Não é isto?
O Sr. Jorge Goularte: Se queres a paz, prepare-te
para a guerra.
O Sr. Adão Eliseu: Quero dizer que compreendo.
Não tenho nada contra, apenas quero explicar, porque eu tenho obrigação de
compreender. Por outro lado, confio muito na pessoa do Secretário de Segurança,
que é uma pessoa muito ponderada e que sofreu, como todos nós, as agruras da
repressão política durante os 20 anos de ditadura. Não se poderia modificar.
Tenho confiança nele. E a Brigada Militar, se tiver algum momento de
demonstração de força, é porque realmente está cumprindo ordens. Ela recebe
ordens do Secretário de Segurança Pública e não do juiz.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato. Realmente, nós
queremos, com toda tranqüilidade, dizer àqueles nossos companheiros com quem
ontem, juntos, defendíamos a luta para a derrubada do regime de ditadura que se
instalou neste País que nos ajudem neste momento de dificuldade. Não quer a
Brigada, e muito menos nós desejamos, nós não abrimos mão de que a Brigada não
deve agir com violência. Ela tem tido toda a cautela possível. O Governo do
Estado tem sido condescendente em todas essas reivindicações, tem procurado
tratar com humanismo a nossa população. A Brigada tem sido um dos setores do
Governo do Estado fiel ao Governo. O seu trabalho tem sido sério, tem sido
responsável, e eu estou solidário com o Comando da Brigada Militar em meu nome
e como Líder da Bancada, solidário com o Governador Pedro Simon, solidário com
o Secretário de Segurança Pública, que tem demonstrado responsabilidade na
preservação da ordem, na preservação do estado de direito e na preservação das
leis do Estado. É uma necessidade nós preservarmos isto, Senhores, porque, caso
contrário, será o caos, e nós queremos uma Cidade e um Estado onde a população
tenha segurança acima de tudo.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu gostaria de dar o meu apoio ao
pronunciamento de V.Exa., porque é muito difícil controlar invasões
programadas. Há uma programação de invasões feitas por pessoas que moram, até,
muito bem. Usam a desgraça alheia para fazer estas invasões. Parece-me que é um
problema muito difícil, e o Secretário de Segurança Pública - com o qual
convivi durante cinco anos, meu colega de aula, e que sempre teve, durante a
sua vida pública, um comportamento exemplar - é um homem que merece a
consideração dos rio-grandenses e a consideração de todos nós, porque sempre
foi um homem digno e merecedor da consideração do povo rio-grandense.
O SR. CLÓVIS BRUM: Desejo finalizar dizendo
que aquelas pessoas que ocuparam estes imóveis - eu tenho absoluta
tranqüilidade, Ver. Jorge Goularte - são pessoas que necessitam. Eu confesso
que não estive lá e não posso dizer se há alguém que precise ou não, mas ninguém
andaria com seus filhos pulando janelas se não tivesse necessidade de ter um
lugar para criar seus filhos. Nós sentimos esta realidade também. Não podemos
fazer olhos e ouvidos de mercador para o problema de milhares de pessoas que
não têm onde morar, e é uma necessidade enfrentar o problema dessa gente.
A Sra. Jussara Cony: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, como membro da Comissão Externa
desta Casa que tem tratado da questão das ocupações, e é bom que o termo seja
devidamente empregado, nós temos tido diversos contatos com o Sr. Secretário de
Segurança Waldir Walter e temos, nesses diversos contatos, conseguido o
encaminhamento dessas questões a contento. Só que há um detalhe, e me parece
que a Comissão Externa desta Casa tem ajudado o Sr. Secretário no sentido da
resolução. É que, em determinados momentos, não há ordem da Secretaria de
Segurança, e a Brigada exerce essa ação repressiva, como foi o caso da Linha do
Tiro Federal. Houve o contato com o Sr. Secretário. Não havia a ordem. E isso
foi na semana passada, com relação ao pelotão de choque. Entramos em contato
imediatamente com o Sr. Secretário - V.Exa. foi testemunha disso - e o mesmo
não havia dado essa ordem. Imediatamente deu uma contra-ordem, o que nem poderia
ser chamado assim, pois não havia ordem. Foi retirado, mas depois o pelotão de
choque voltou. Então, há determinadas circunstâncias em que não existe,
verdadeiramente, ordem da Secretaria de Segurança. E aí, então, é uma questão
de se ver quem exerce realmente o comando dessa ação repressiva no Estado. Sem
querer me estender, é importante adicionar ao seu pronunciamento o que colocou
o nobre Ver. Jorge Goularte: não existe ninguém comandando. A necessidade do
povo de ter onde morar concretamente, o descenso social, a expulsão dessa gente
do campo para as periferias da Cidade, a falta de condições de trabalho e a
necessidade de pagar um aluguel cada vez mais caro, pois o mesmo é fruto da
especulação imobiliária, levam essa população a ter que fazer essas ocupações.
E isso é uma questão justa, pois esses conjuntos foram construídos com o
dinheiro do povo trabalhador, com o Fundo de Garantia.
O SR. CLÓVIS BRUM: Perfeito. Sou grato a
V.Exa. Efetivamente, milhares de famílias precisam de um lugar para morar e
milhares também estão inscritas na COHAB há dois, três, quatro, cinco, dez anos
- dez anos no DEMHAB - e não conseguiram até hoje!
A Sra. Jussara Cony: Estão inscritas e até hoje
não receberam.
O SR. CLÓVIS BRUM: Mas as obras inacabadas...
O que está aí não é culpa do Governo do Senador Pedro Simon. São obras que o
antecederam. Ele tem 50 dias de governo. As obras estão paradas há muito tempo.
Finalizo, rendendo, aqui, de viva voz, a minha satisfação pessoal por
sentir no Secretário da Segurança Pública um trabalho honesto, democrático,
correto, íntegro e que está a exigir, não só deste Vereador, mas de toda a
Casa, uma manifestação de solidariedade para que ele continue orientando o
serviço de segurança pública do Rio Grande sem violência, sem pancadaria, sem
qualquer atitude que tisne o seu passado, passado marcado por uma vida
democrática e até sacrificada do Secretário Waldir Walter. Rendo, também, minha
homenagem à ação da Brigada Militar, que merece, hoje, nota 10. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito,
pela ordem, Ver. Flávio Coulon, está com a palavra.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Em primeiro lugar, é com grande satisfação, Sr. Presidente, que me
congratulo com V.Exa. e com os funcionários desta Casa pela manutenção desta
tribuna livre durante o movimento paredista dos funcionários municipais.
Congratulo-me com as providências de V.Exa. e congratulo-me também com a
maturidade com que o movimento está-se revelando neste momento.
Meu assunto, no Grande Expediente, Sr. Presidente, será a respeito dos
transportes. Estive, neste fim-de-semana, reunido com alguns técnicos em
transportes, analisando a tabela de cálculo de tarifa aprovada por esta Casa, e
o resultado desta análise me deixou um tanto quanto estarrecido pelas suas
conclusões. Devo dizer que todos esses técnicos que analisaram esta tabela
estão plenamente conscientes de que o transporte coletivo, enquanto não for
estatizado, enquanto for uma atividade capitalista, este transporte coletivo
tem que ser feito com uma margem de lucro pelos senhores empresários, margem de
lucro esta que lhe permita, além do lucro, renovar a frota em benefício da
população. Então, o cálculo da tarifa precisa ser feito dentro de critérios que
tranqüilizem a população no sentido de que os parâmetros utilizados sejam os
mais justos, quer para o empresário, quer principalmente para a população. Qual
não é a minha surpresa quando, sob a alegação de que esta tabela é uma tabela
do GEIPOT/EBTU, tomo conhecimento de que é uma tabela para aquelas cidades que
não têm poder concedente, ou seja, para aquelas cidades que não têm uma
estrutura montada, estrutura do tipo Secretaria Municipal dos Transportes, para
realmente verificar os exatos aumentos desta tabela. E Porto Alegre tem um
poder concedente, Porto Alegre tem uma SMT. Qual não é a minha surpresa também
quando tomo conhecimento que há um consenso entre os técnicos de transporte de
Porto Alegre e do Rio Grande do Sul de que a Secretaria Municipal de
Transportes está praticamente sucatada em termos de operação de planejamento de
transporte, ou seja, o grande número de técnicos que entendiam de operação de
planejamento de transporte ou foi afastada da SMT ou se afastou. Uma das
razões, até, segundo me socorre o Ver. Kenny Braga, é um problema de
remuneração, infelizmente. Então, com este sucatamento técnico da SMT, as
coisas ficam muito difíceis, e os parâmetros para cálculo de tarifa ficam
bastante vagos. A Secretaria Municipal precisaria ter um órgão técnicos que
verificasse a operacionalidade de cada sistema: se realmente gasta aquela
quantidade de óleo que entra na tabela, se realmente os pneus têm aquela
durabilidade, se realmente a folha de pagamento apresentada para cálculo de
tarifa corresponde ao efetivo daqueles funcionários que realmente a empresa
tem, se a viagem média é realmente aquela quilometragem que é colocada, se o
número de passageiros que são transportados é realmente aquele número de
passageiros, se o tempo gasto, se a fiscalização de hodômetro, como é feito
atualmente, ou seja, fiscalizando o que roda realmente o veículo, não entra
nessa margem de quilômetro, as viagens que eles fazem fora do transporte
municipal, as viagens de turismo que essas empresas fazem com seus ônibus. Há necessidade
de fiscalizar se realmente essas empresas que têm um percentual grande na
tarifa sobre seus recolhimentos, se realmente a taxa do ISSQN que entra na
composição da tarifa está sendo cobrada dessas empresas pela Prefeitura.
Para minha surpresa, tomei conhecimento de que nada disto está sendo
feito. Existe, inclusive, no cálculo de composição da tarifa, um item que fala
em 2% - no momento não tenho a destinação destes 2% que a EBTU já reduziu a
1,5%, oficialmente, e que na nossa tabela está entrando no custo da tarifa um
valor de 2% - quando, repito, a EBTU já reduziu para 1,5%. Mais surpreso ainda
fiquei ao saber que fizemos um cálculo de tarifa, na última vez que votamos
nesta Casa, baseado num número de passageiros transportados da ordem de 20 milhões,
quando, compulsando as tabelas da SMT, o valor médio encontrado no serviço de
fiscalização era já em torno de 23 milhões. O problema de utilizarmos uma
tabela, conforme já havia colocado aqui por ocasião da discussão deste assunto,
não resolve o problema. A tabela precisa de dados confiáveis e, infelizmente,
esta tabela para cálculo de tarifa não é uma tabela confiável. E pasmem: nem os
empresários consideram-na confiável. Essa tabela consegue desagradar empresário
e usuário. É um fato inédito. Diz-me o Ver. Kenny Braga que um dos problemas da
evasão de técnicos da SMT é o problema salarial. Parece-me que essa situação
poderia ser facilmente contornável, uma vez que o BIRD teria condições de
financiar projetos de estudos de tarifa em Porto Alegre; em segundo lugar, ao
que me consta, do imposto sobre veículos recolhidos pela Prefeitura, não é
separada nenhuma parte especificamente para a SMT investir em pesquisa. Entra o
ISPV na vala comum e é absolutamente nada desse imposto - que todos os veículos
que transitam em Porto Alegre recolhem - reverte especificamente para a
Secretaria Municipal de Transportes. Então, como nós iremos aperfeiçoar o
cálculo da tarifa? Na conclusão a que chegamos, não há um interesse de que o
cálculo dessa tarifa seja, realmente, aperfeiçoado. A quem interessa esta falta
de interesse, nós ainda não conseguimos precisar. Volto a repetir: a tabela
consegue desagradar empresários e consegue, muito mais, desagradar usuários.
Vejam como é uma tabela injusta, pois breve estaremos com um novo aumento do
preço da passagem. Por quê? Porque assim que entrar o dissídio será computado
na passagem e teremos um novo salto e um novo sobressalto para a população.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu acho - não sei se V.Exa. critica aquela planilha
que nós aprovamos -, mas tenho muita fé naquela planilha. Embora aquela
planilha não seja a ideal, ela busca uma verdade tarifária, não a justiça
tarifária, pois estou cansado de dizer que justo seria que o trabalhador até
dois salários mínimos pagasse 50 centavos. E daquele trabalho eu sou obrigado a
fazer justiça ao ex-Secretário Marcos Lederman. Ele procurou ouvir todos os
segmentos. Nós tivemos uma participação intensa, tentando buscar fórmulas que
levassem a uma verdade tarifária. Agora, V.Exa. tocou naquele outro ponto, que
é a operacionalização daquela planilha, que realmente é uma outra questão que
nós temos que entrar na discussão, pois é um dado que, pelo menos quando nos
foi mandada a planilha para cá, o Prefeito Alceu Collares bradava em altos
brados que era a solução. Agora, se ele não tinha condições de operacionalizar,
era obrigação do Prefeito vir a público dizer que teria problemas, até porque
eu, para votar a favor da planilha, teria pedido que ele, também, agilizasse,
através de lei, formas de resolver este problema, e uma delas - talvez V.Exa.
não saiba - seria o financiamento através do BIRD. Dá para se pensar nisso aí.
O SR. FLÁVIO COULON: V.Exa., apesar de não ter
ouvido todo o meu pronunciamento, pegou exatamente todo o seu teor. Qualquer
tabela bem estudada é boa, qualquer fórmula matemática para cálculo é boa desde
que os parâmetros que entrem na fórmula sejam corretos. A tese que eu defendo
aqui é que nós não temos até agora nenhum sistema montado para saber se
realmente eles são corretos ou não são corretos.
Para finalizar, sobre o assunto transporte, gostaria de me solidarizar
com o Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul na luta que empreendem
contra a institucionalização desta Ferrovia Norte-Sul. O Governo Sarney
aprovou, sem qualquer consulta à sociedade brasileira, sem projeto nenhum, uma
ferrovia que irá custar, a custos iniciais hoje - muito mal calculados - 2,4
bilhões de dólares, ou seja, multiplicados por 40, seriam 96 bilhões de
cruzados para construir uma ferrovia que não tem projeto, não tem viabilidade
econômica nenhuma e que demanda, para se tornar viável, que se desenvolva toda
a margem desta ferrovia, quando existem estudos, dentro do próprio Governo José
Sarney, dentro da Portobras, que levariam a uma hidrovia naquela região que
eventualmente faria o mesmo papel desta ferrovia por 400 milhões de dólares.
Não se coloca aqui o Vereador contra a Ferrovia Norte-Sul, uma ferrovia que nem
estava incluída no V Plano de Metas do Governo. Agora, não é mais possível. A
Nação não tem mais condições de suportar tanta irresponsabilidade. Uma ferrovia
de 2,4 bilhões de dólares sem a mínima consulta à sociedade brasileira, sem um
projeto de viabilidade, é algo que nos leva àqueles tempos da Transamazônica,
quando não havia a possibilidade de a sociedade se manifestar. Eu pergunto: mas
onde é que nós estamos?
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) E, além deste absurdo do porte faraônico, como esta
Ferrovia Norte-Sul, está-se anunciando, também, a construção de um trem-bala,
nos moldes japoneses, no percurso de Rio a São Paulo, e que também ninguém
pediu, ninguém avaliou a necessidade, o custo, o benefício e nada. É mais um
desses pacotões que mostram a tecnoburocracia da Velha República continua
imperando na Nova República para infelicidade dos brasileiros e miséria das
grandes camadas da população deste País.
O SR. FLÁVIO COULON: Agradeço o aparte. Até,
para encerrar, diria que esse trem-bala, entre Rio e São Paulo, se a iniciativa
privada quiser bancar esse trem-bala, é perfeitamente viável. Que se entregasse
a japoneses, a suíços, a quem quisesse, vá lá! Agora, com dinheiro brasileiro,
do povo brasileiro, que falta para a comida, fazermos uma ferrovia que um homem
com a autoridade de Afonso Camargo, ex-Ministro dos Transportes, classifica
como ferrovia dos marajás é uma irresponsabilidade que pode passar por esta
Casa sem registro. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Com a palavra, o Ver. Frederico Barbosa, pelo tempo regimental, em Grande
Expediente.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores. Na semana passada, a Comissão de Urbanização, Transportes e
Habitação desta Casa esperava ouvir o Secretário dos Transportes, Ver. Elói
Guimarães, a respeito de um assunto levantado por S.Exa. nos órgãos de
comunicação do Rio Grande do Sul, abordando o problema da instalação de ondas
transversais na Cidade de Porto Alegre, nas vias públicas, ou seja, os já
conhecidos quebra-molas. Lastimavelmente, o Sr. Secretário não compareceu à
Comissão no dia e hora aprazados, alegando o problema do surgimento, naquela
manhã, de movimento de greve dos funcionários municipais. Não faço aqui nenhuma
crítica até porque, no momento, omiti-me de qualquer manifestação quanto à
presença do Secretário Municipal de Transportes, diga-se de passagem, coisa que
não aconteceu com outros Vereadores, inclusive com representantes do PDT, na
Comissão, como o Ver. Paulo Sant'Ana, que lastimou veementemente a ausência do
Secretário, assim como o Ver. Antonio Hohlfeldt, Líder do PT e componente
daquela Comissão. Acho que o Sr. Secretário, certamente, encontrou problemas
para aqui não comparecer, mas o que me preocupa, Sra. Presidente, Srs. Vereadores,
representantes da imprensa, é que, durante todo esse tempo, está-se difundindo
a idéia de instalação deste tipo de equipamento na Cidade de Porto Alegre. Eu
justifico por quê: em primeiro lugar, porque sei ouvir e fui o primeiro
Vereador a vir na tribuna cobrar uma audiência desta Casa com referência a isso
por parte do Executivo Municipal. Sem ouvir esta Casa, o Sr. Secretário deu
conhecimento à imprensa do desejo de instalar esse tipo de equipamento, eis que
veio maravilhado da Cidade de Curitiba, onde viu os quebra-molas instalados.
Além disso, está-se dando tempo para que as pessoas, até mesmo sem maiores
informações sobre a possibilidade ou não da instalação desse equipamento,
possam estar a solicitar esse tipo, eis que na própria Comissão compareceram
várias entidades, a convite do Presidente, Ver. Isaac Ainhorn, que aguardavam
ouvir do Secretário a idéia de instalação dos quebra-molas. Enquanto isso, os
jornais, sendo os de maior ou de menor circulação, como darei exemplo, a
seguir, do “Jornal Cidade Zona Norte”, estão a realizar enquete com a população
em geral e já surgem, como surgiu com este Vereador e certamente surgirão em
toda a população, as mais variadas solicitações desse tipo de equipamento nos
mais variados locais onde já se sabe, de antemão, que são absolutamente
proibidos porque certamente causariam o caos na Cidade de Porto Alegre.
Ora, existe uma resolução em vigor do CONTRAN, que estabelece normais
mínimas e, sob certo aspecto, extremamente restritivas à aplicação desse tipo de
aparelhagem, desse tipo de equipamento nas vias públicas, como, por exemplo,
somente em vias que exijam trânsito a menos de 20km/h e onde não passem mais do
que 600 automóveis por hora. Isto para o tipo de ondulação transversal, chamado
item 01, que são os tradicionais quebra-molas. Para o tipo de ondulação 02, que
me parece, pelo croqui que tenho em mãos, sejam as verdadeiras ondulações, o
que o leigo poderia chamar de treme-treme, em que o carro trepida. Aquele só
pode ser instalado em vias que permitam até 30km no máximo e nunca em vias que
tenham curvas. Aí a minha preocupação, Ver. Aranha Filho, a quem irei dar o
aparte - engenheiro competente e que conhece tão bem, como qualquer técnico
desta área, o trânsito de Porto Alegre -, pois estão surgindo os primeiros
pedidos e muitas pessoas terão o “não” após saberem as necessidades mínimas
para a instalação desse equipamento, a não ser que a Prefeitura de Porto Alegre
esteja disposta a revogar as disposições do contrato. Então, esta a
preocupação. Recebi uma solicitação, de número 1, inclusive com críticas a uma
manifestação minha, estampada nos jornais de ser contra este equipamento. Na
verdade, ainda não me manifestei contra. Estou querendo mostrar à população que
se deve realizar um imediato debate sobre este problema antes que a população
pense que terá um quebra-molas em cada esquina para preservar as nossas
crianças, as nossas escolas, pedestres, a nossa população em si. Recebi a
solicitação de colocação de quebra-molas numa rua de uma quadra só, sem saída,
porque a população daquela rua diz que a rua é invadida, durante a madrugada,
pelos freqüentadores dos bares em torno. Isto significa o temor que tenho, pois
as pessoas não estão conhecendo a legislação e não estão sabendo que é
impossível, porque isto é um caso de polícia, e não de quebra-molas.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Frederico Barbosa, é bastante oportuna a
manifestação de V.Exa., mas nós já tratamos deste assunto há um ano, ou dois
anos atrás, inclusive, até, por iniciativa do Ver. Mendes Ribeiro, hoje
Deputado Estadual. Eu ocupava a tribuna e defendia a não-adoção do quebra-molas
principalmente por se tratar de uma prevenção de acidentes. Nesse sentido, eu
até poderia entender ou vir a ser a favor do quebra-molas sem antes ou
anteriormente serem feitas outras coisas dentro da área de prevenção de
acidentes. Por exemplo: a sinalização vertical usada pela SMT está sendo feita
como estabelecem as leis de trânsito? As sinaleiras, elas estão perfeitas? Não,
não estão, Vereador. Árvores frondosas, nesta época do ano, estão tapando os
sinais, e isso nós temos diversos exemplos a demonstrar nas vias públicas, que
a sinalização está sendo tapada pelas árvores frondosas. Placas, ainda no que
se refere a sinalização vertical: existem placas antes das escolas, hospitais,
chamando a atenção dos motoristas que dali a 20 ou 50 metros existe uma escola
ou um hospital? Não existem estas placas. E a sinalização horizontal, esta sim,
precedendo 100 metros anteriores a uma escola, ou a um hospital, deveria
acontecer. Antes disso, deveriam todas estas sinalizações estarem à disposição
dos munícipes para, depois, isto sim, se pensar em quebra-molas. Se isso não
bastasse, vamos recordar dez anos atrás, quando, na frente do 18 RI, se colocou
um quebra-molas. Conclusão: um dia depois morreu, num acidente, um motoqueiro.
Então, vamos pensar nestes que não são porto-alegrenses, que vêm do interior e
se deparam, de repente, com um quebra-molas. Se existe essa quantidade de motoqueiros
que hoje já está se acidentando sem o quebra-molas, imagem com o mesmo!
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço o seu aparte, que
se soma ao meu pronunciamento. Gostaria de dizer que é feliz a charge da capa
do jornal Cidade Zona Norte com a chamada “Você é a favor ou contra os
quebra-molas?”, colocando dois quebra-molas do tipo 01 e um jipe e uma
camioneta se engalfinhando e um a cavalo, montando num dos automóveis,
certamente por uma travada feita em cima de um quebra-molas. Mesmo o jornal
querendo fazer uma enquete e colocando no seu interior sete a favor e oito
contra, ou vice-versa, coloca uma realidade. Esse é um dos fatos que podem
acontecer, e que está retratado na charge desse jornal.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Entendo muito oportuno este debate que V.Exa. começa
a sustentar em relação a esse assunto. Eu acho que é hora de se romper com essa
prática do Executivo de trazer pacotes, seja no setor de transporte ou em
qualquer outro setor, de experiências que deram certo em determinados lugares
e, evidentemente, não podem ser transplantados mecanicamente para a nossa
realidade de Porto Alegre. Acho que nesse ponto V.Exa. tem toda a razão. Mas,
em princípio, espero que esse debate vá-se aprofundar, principalmente com a
participação dos pedestres. Aí eu já me coloco francamente a favor de uma
solução, não sei se do quebra-molas ou do dispositivo baiano, conforme falou o
Ver. Aranha Filho, mas alguma coisa que coíba essa verdadeira chacina que
ocorre nas sinaleiras. Porque, realmente, qualquer pessoa que fique numa
sinaleira verá que, mesmo depois do sinal fechado para os automóveis, são
cinco, seis, dez automóveis que passam impunemente, e não adianta placa
indicativa de que adiante há sinaleira, porque eles passam mesmo. E eu, como
acho que o organismo humano é muito mais frágil que a máquina automobilística,
ficarei sempre com uma solução a favor da grande massa, inclusive dos que não
têm automóvel, porque os privilegiados com automóvel são uma minoria, desprezada,
é claro, a questão dos transporte coletivo. Mas, em princípio, é esta a minha
posição e espero que este debate - e louvo V.Exa. por isto - seja aprofundado e
que a gente tenha uma solução condizente.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço seu aparte. Não
esqueça, Ver. Caio Lustosa, que também os pedestres que não têm automóvel
necessitam andar de ônibus e que estes andarão envolvidos, diretamente, com
este tipo de equipamento. Eu, que tenho dois filhos no Colégio Rosário e que,
muitas vezes, sou obrigado a deixá-los do outro lado da rua, não posso pensar
somente neles e exigir que se coloque, na Av. Independência, dois quebra-molas,
que seria o caos na Cidade de Porto Alegre. Mas a preocupação é com relação a
três itens, para que se possa colocar: índice de acidente significativo ou
risco em potencial; ausência de rampas com declividade superior a 4,5% ao longo
do trecho; ausência de curvas ou interferências visuais que impossibilitem boa
visibilidade; volume de tráfego inferior a 600 veículos por hora, na hora do
pico. A autoridade do trânsito poderá admitir volumes maiores, sendo que, em
torno deste volume de não mais do que 600 veículos na hora do pico, não será a
via itinerário normal de veículos de carga.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Reforço o aparte do Ver. Caio Lustosa, e a minha
posição é praticamente a mesma. O que acontece, e eu senti no pronunciamento do
Ver. Aranha Filho, é que nós aqui costumamos pensar o Brasil nos padrões
americanos. Nos Estados Unidos, coloca-se uma placa de “pare” e todo o mundo
pára mesmo e há uma sinaleira onde o amarelo é respeitado. Tenta-se transportar
estes padrões aqui para nós, mas a experiência nos tem mostrado que esta
experiência é a mais trágica possível. Complemento: se V.Exa. pegar todos os
cruzamentos de Porto Alegre onde diz “este é o primeiro, este é o segundo, ou o
terceiro lugar em acidentes”, caiu perfeitamente dentro destes parâmetros, de
modo que esta solução, em nível de povo brasileiro - e aí eu digo que quem tem
automóvel é a classe média e a classe alta, inculta neste tipo de respeito à
pessoa humana - é viável, pois para estes há necessidade de um tratamento
drástico. Então, sou a favor de uma discussão sobre o assunto.
O Sr. Aranha Filho: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu, em nenhum momento, disse que era
contra o quebra-molas. Disse, inclusive, que poderia ser até a favor, mas antes
deveriam ser completadas uma série de sinalizações que eu vejo serem
interessantes. Agora, até o ponto de dizer que sou contra, absolutamente. Eu
acho que antes deveria ser feita uma série de sinalizações para depois fazerem
o quebra-molas.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Concluo, Sr.ª Presidente,
apenas dizendo, como disse o Ver. Aranha Filho: não sou contra, mas acho que
está tomando vulto a idéia, sem conhecimento das necessidades mínimas. Como
disse o Ver. Flávio Coulon, é possível que em alguns lugares seja viável a
colocação de um equipamento desse porte, mas Porto Alegre está recebendo uma notícia
sem conhecimento maior, por isso a necessidade. E, finalizando, Sr.ª
Presidente, para não arranhar mais o Regimento Interno da Casa, alguém disse no
Plenário que trazer idéias do outro lado... Parece-me também que não significam
nada. Se trazer de Curitiba o quebra-molas resolve, quem sabe o Município não
traz de Joinvile as ciclovias tão pedidas para Porto Alegre e as instale? Não
traz porque não sabe se aqui funciona, mas traz o dos outros porque acha que
aqui é a solução. Era isso, Sr.ª Presidente.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito,
Ver. Adão Eliseu, por cessão de tempo do Ver. Getúlio Brizolla.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr.ª Presidente e Srs.
Vereadores. Em primeiro lugar, agradeço a cessão desse tempo por parte do Ver.
Getúlio Brizolla, e, para não destoar, vamos falar em Brizola.
Os jornais de nosso País, hoje, estamparam em letras garrafais - em
letras que não seriam necessárias para ler os jornais porque facilmente se
constatava - que as Forças Armadas já estão a dar opiniões. O Ministro do
Exército, numa festividade da cavalaria do Rio Grande do Sul, já começou a
fazer algo, a tomar atitudes, o que não fazia há algum tempo. Começou a dar
palpites, opiniões em torno da situação nacional. É bom que esta Casa comece a
pensar nos dias vindouros. Toda vez que um governo não segue seus caminhos - os
caminhos propostos, não consegue manter a ordem do País, a ordem no sentido
lato, no sentido verdadeiro da expressão -, as Forças Armadas começam a tomar
posição. Mas há outras razões, também, para que uma série de coisas comecem a
acontecer em nosso País. O Governo, que se diz detentor de características de
uma Nova República, implanta, assume poder por uma sorte que a História lhe
proporcionou e depois, sem planejamento, impõe ao País um plano econômico.
Fracassa - fracassa porque serviu, apenas, de cabo eleitoral para eleger os
governadores de quase todos os Estados brasileiros. Nem mesmo assim conseguiu o
Governo Sarney, nem mesmo assim conseguiu o PMDB impor um novo modelo político,
econômico e social em nosso País. Vejam os Senhores que seria motivo para uma
análise muito aprofundada, muito alongada. Mas o que se espera, Srs.
Vereadores, de um Governo que, como a ARENA, e por isto já foi apelidado de
ARENA 01, do PMDB, assume o governo em todo o País e não dá um sinal de
esperança, de melhora, e o Ministro do Exército pede a colaboração de todos os
brasileiros? Não me parece que o Ministro olhava para baixo, para os
trabalhadores, para a classe média. Não, olhava para cima, porque ele sabe que
as elites econômicas do nosso País não vão cooperar. O sacrifício é imposto
sempre para baixo. Srs. Vereadores, a situação é muito difícil. Todos nós
conhecemos esta situação, porque todos nós vivemos esta situação. E neste
momento, Srs. Vereadores, em que há um grito ali, uma voz aqui, outro acolá,
que se fala em eleições diretas em todo este País e já se começa a ouvir a
reação por parte de políticos reacionários de todos os partidos, especialmente
do PMDB, que hoje de MDB tem pouco... Respeito a posição do Ver. Caio Lustosa,
mas continua, teimoso que é, no PMDB, e se sacrificando, porque nós conhecemos
a sua posição ideológica. Mas V.Exa. há de convir, Ver. Caio Lustosa, que, se
olhar para trás, olhar a história tal qual é e, como pessoa inteligente que é,
vai constatar que, se se der um golpe de estado neste País contra uma idéia,
esta idéia está embutida no PTB e nos partidos de esquerda da época. Portanto,
nós temos a história, que é uma bagagem que carregamos. Nós tínhamos uma proposta.
Ninguém pode negar isto aí. A proposta era boa. Feria interesses das
oligarquias - V.Exa. sabe disso. Todos nós sabemos. Mas, só para acentuar,
impediram-nos de implantar as reformas de base. V.Exa. sabe disso. Então, por
que não se integrar neste grupo que segura o timão, embora pequeno? Por que não
se reintegrar neste grupo que agora, no momento crucial, revive as propostas
antigas? Eram boas, e por isso fomos derrubados, fomos desencaminhados pela
força de nosso itinerário, que era um itinerário histórico, realizador,
destituído pela força das baionetas que nós dois conhecemos muito bem, Ver.
Jorge Goularte. V.Exa. sabe que eu, embora policial militar, eu estava nas
barricadas com o povo. Eu não estava nas barricadas com os militares golpistas.
Eu respondi inquéritos naqueles momentos iniciais do golpe, porque eu estava
com a população brasileira, estava com os trabalhadores. Tenho certeza de que
V.Exa. não tomou esta posição porque estava enquadrado no comando e não podia.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. respondeu antes de mim. Como é que eu, um
Sargento da 8º CR, que tinha, eu acho, três revólveres, se tivesse, ia
participar de baionetas e outras atividades? É difícil.
O SR. ADÃO ELISEU: De forma que nós, do PDT,
convidamos os Vereadores de todos os partidos que estejam equivocados nesses
partidos, que estejam enganados nesses partidos, para cerrarem fileiras conosco
na busca do desenterrar aquelas verdades políticas, econômicas e sociais do
passado, que era a nossa proposta. Nós temos uma proposta de governo, nós temos
uma proposta econômica e financeira para o nosso País. Agora, deixem-nos
governar. E aqui eu vou mostrar-lhes o estudo feito por um jornal de nossa
Capital - Diário do Sul - e que coloca Brizola na porta para a Presidência da
República. Vou mostrar-lhes os dados.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Em primeiro lugar, eu declino, comovidamente, desse
convite que V.Exa. nos faz de, talvez, integrarmos a legenda do seu Partido.
Agradeço essa deferência, mas, evidentemente, a História está para provar
também que o PDT é essencialmente um partido populista, na sua maioria, no seu
discurso, no seu programa, na sua prática, haja vista o comportamento da bancada
de 13 Vereadores aqui e que vota, costumeiramente, a favor de interesses que
não são do interesse da massa trabalhadora e dos setores progressistas da
sociedade de Porto Alegre. V.Exa. até é um dos Vereadores que se pode dizer
mais ou menos de centro-esquerda, mas a Bancada é essencialmente populista e
direitista. No plano nacional também. O meu Partido, eu sei, tenho consciência
disto, o PMDB, o setor progressista é minoritário, e eu não avoco para o PMDB a
bandeira de seu Partido, capaz de mudar este País. Acho que os setores
progressistas estão em todos... Em todos não, exceto os partidos
confessadamente reacionários pela sua prática e pela sua programática, mas em
todos os setores partidários se encontram pessoas capazes de levarem adiante o
progresso social e as mudanças que este País quer. Só que eu acho muito
ufanística esta proposta de V.Exa., de que o PDT é capaz de encarnar o grande
sonho de mudança. Muitos dos sonhos. E eu reconheço que o Governador Leonel
Brizola - já disse isto muitas vezes - é uma liderança neste País, e outras
lideranças, Amaury Müller e outras figuras que são realmente progressistas e
avançadas. Mas acho muito ufanismo de parte do PDT de repente se avocar esta
bandeira de transformação total. Eu acho que V.Exa. está num momento de muita
euforia. Talvez seja este dia de outono, este dia tão luminoso que deixa V.Exa.
com esta mania de grandeza.
O SR. ADÃO ELISEU: V.Exa. sabe que depois de
um vendaval a casa cai e sempre fica uma tábua, uma janela inteira, e o ser
humano é pródigo em buscar um mecanismo de defesa. Ele vai buscar nesta janela,
nesta tábua, um meio de sobrevivência, um meio de se proteger das intempéries.
O PDT, atualmente, quer queiram, quer não queiram, é esta tábua de salvação,
porque tem um passado que é uma história. Eu não quero dizer que V.Exa. não
tenha. O Partido de V.Exa. não tem. Está muito mais integrado pela direita do
que pela esquerda.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Evidentemente que eu não vou engolir o anzol da
provocação lançado pelo Ver. Caio Lustosa, que é um aristocrata tentando
parecer mais esquerdista do que é. Agora, quero lembrar que o PDT tem
compromisso histórico com a mudança. Tanto que o governo legitimamente eleito
do Presidente João Goulart foi derrubado pelos latifundiários, pelo capitalismo
internacional, porque pretendia implementar uma série de reformas, chamadas
reformas de base, que a sociedade exigia. Então, o Governo João Goulart, como
disse certa vez com muita sabedoria. Darcy Ribeiro não foi derrubado pelos seus
equívocos, pelos seus erros. Foi derrubado, fundamentalmente, pelas suas
virtudes, pois há mais de 20 anos se pretendiam implementar reformas
necessárias que até hoje não foram feitas. Então, o PDT, o antigo Partido
Trabalhista de Jango, de Getúlio, de Pasqualini, tem compromissos históricos
com a mudança. E não vai ser qualquer Caio Lustosa da vida que vai desmentir a
verdade histórica.
O SR. ADÃO ELISEU: De forma que o convite está
feito e, principalmente agora, quero mostrar que o povo brasileiro está
compreendendo isto. É um momento de definição. A Nova República já disse a que
veio: não veio para nada. Observem os percentuais de um trabalho feito pelo
Diário do Sul e publicado neste fim-de-semana, sábado, que coloca Brizola na
ponta, com 48% na votação, aqui, em Porto Alegre. O incrível é constatar que a
maioria, o percentual mais alto aqui é na juventude porto-alegrense. Observem o
Diário do Sul de sábado. Não terei tempo para fazer o estudo, a análise, mas
está aqui para quem quiser ver: “Brizola na cabeça para Presidente da
República”. Nós já estamos com receio, porque alguns políticos do PMDB já estão
apresentando outra proposta parlamentarista, como já fizeram uma vez, no
sentido de eclipsar o Presidente da República, um novo Presidente da República
que numa eleição direta será Leonel Brizola.
O SR. PRESIDENTE: Peço que o aparte seja
rápido, porque o tempo do Vereador que está na tribuna já está esgotado.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só uma pergunta: faz parte do ideário a associação
com a contravenção? Vai sair do programa do Partido a associação com a
contravenção - o jogo do bicho etc. e tal? Só para a gente poder saber.
O SR. ADÃO ELISEU: V.Exa. baixou o nível da
discussão. O que se está falando aqui, V.Exa. deve saber, é da transformação
deste País, das reformas de base. V.Exa. tem pouca experiência. Sr. Presidente,
para concluir. Aliás, são esses argumentos que, realmente, eclipsam os senhores
que realmente são homens de posição. Quando se fala em reforma de base, reforma
agrária, uma revolução neste País, não se fala em jogo de bicho, meu Vereador.
O SR. PRESIDENTE: Pediria a V.Exa. que
concluísse o seu pronunciamento, pois o tempo de V.Exa. está esgotado.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O meu atacadismo talvez seja devido ao fato de nos
anos 60 ter participado do antigo PTB, inclusive nas trincheiras da Legalidade.
Eu estava lá. O Ver. Kenny Braga não sei onde estava, porque ainda não tinha
nascido para a política local, regional e nem nacional. Ele que fique com a sua
grandeza que eu fico com a minha pequenez.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente, vou
concluir em duas palavras. Fica aqui, portanto, Srs. Vereadores, e para o Ver.
Flávio Coulon, especialmente, o nosso convite. V.Exa. vai aprender conosco,
mais antigos, que o PDT será um grande Partido e será grande, não porque terá
um número muito grande de integrantes, mas por causa das suas realizações, por
causa da sua história. Fica o convite. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, para um
Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Hermes Dutra para um Requerimento.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente, eu
requereria, para o bom andamento dos trabalhos, que entrássemos em Pauta e,
posteriormente, na Ordem do Dia, porque a nossa Pauta está congestionadíssima.
O SR. PRESIDENTE (Luiz
Braz): Em
votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO. Com a palavra, o Ver. Brochado da
Rocha, que usará o tempo de Presidência.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Não é facultado ao Presidente da Casa usar tempos comuns, o que
lamento e acho que deve ser uma das coisas alteradas na Casa. Afinal, o
Presidente não perde sua condição pessoal de integrante da Casa e desta forma
perde, de tal sorte que, anunciado, o Sr. Ver. Flávio Coulon registrou quase a
estranheza, o que constrange. Sentir-me-ia mais à vontade se pudesse falar no
meu tempo e pudesse, sobretudo, voltar aos meus debates, tão desejados por mim,
com o Ver. Caio Lustosa, com o qual tenho apreço especial em debater.
Mas, Srs. Vereadores, quero colocar desta tribuna um quadro que faço
questão de registrar. Na atual conjuntura nacional, nota-se claramente que a
evolução dos acontecimentos desencadeados pelo Governo Federal (o “over night”,
hoje, na ordem de 44% - acabei de ser informado pelo rádio ser este o valor do
“over night”) distorce a vida do País, distorce a vida dos assalariados e,
fundamentalmente, torna qualquer greve real e aceitável no seu todo. O que está
mal não é o Governo do PDT, não é o Governo do PMDB, não é o Governo do PT de
Fortaleza, como foi citado aqui por inúmeros dos Srs. Vereadores no decorrer do
último veto. Parece-nos claro que o que está absolutamente em desconformidade é
a política salarial e a relação trabalho-capital. As posturas seguidas por um e
outros são irrelevantes. A origem do fato brota da irrealidade nacional. Nós
não levaremos este País para frente se não tivermos um programa econômico real,
se não tivermos coisas concretas, que vão desde a reforma tributária, que até o
mais humilde Vereador deste País sempre reclamou, passando pela reforma
agrária, passando pela reforma bancária, passando pela reforma urbana. Temos um
Presidente eleito, neste País em que todos são eleitos menos o Presidente da
República, que foi eleito por eleição indireta e, assim mesmo, na suplência. Há
uma crise de postura que leva, inexoravelmente, todos os partidos a se lançarem
uns contra os outros numa autofagia política. Esta autofagia política não é
legítima, porque cada partido não olha com clareza a postura do seu discurso
com o seu procedimento. É impossível assistirmos aqui - vou apenas inverter a
ordem de colocação - o PT com um discurso e em Fortaleza com outro; o PDT com
um discurso aqui, alhures com outro; e o PMDB com um discurso aqui e alhures
com outro. Na verdade, esta autofagia política deriva fundamentalmente da
excrescente política nacional, que chega até a induzir a todos nós que um
Presidente da República repetirá o fato que fez o Sr. Jânio Quadros, anunciando
a sua renúncia. Esta falta e este período de transição fazem com que todos nos
coloquemos, todos nós lutemos por um período de transição. Mas pergunto: o que
restou da nossa luta? Fizemos cessar o regime de arbítrio? Fizemos. Trabalhamos
para isto, fomos às ruas, pedimos as diretas-já. Tínhamos, em nossa bagagem,
indiferente dos partidos políticos ora constituídos, uma pregação do salário
justo. Tínhamos uma pregação de um equilíbrio mínimo, que era uma certa
compatibilização entre trabalho e capital. No entanto, isto não aconteceu!
Tínhamos quinhentas reformas e nenhuma delas foi executada! Está aí a classe
política toda ela esmagada, inteiramente vulnerável. Hoje, na América Latina,
quando foi dada a reabertura, os políticos estão fundamentalmente atingidos,
seja na sigla que estiverem; um porque fez no passado, e outro porque está
fazendo. Mas a classe política, esta está sendo posta em xeque, juntamente com
as precárias instituições brasileiras. Possamos nós fazer uma competição
desvairada no caminho do atendimento das necessidades de cada um e sabemos o
preço que iremos pagar por isso.
Quero deixar aqui registrado nos Anais que só aceito como classe
dirigente do País a classe política devidamente eleita, e por outra forma não
aceito. E esta é que tem que ser conclamada, e esta é que tem legitimidade, e
esta é que tem responsabilidade. Não endosso nenhuma destas autofagias que
estão fazendo por aí. Sou obrigado, por ter amargado neste País, auto-exilado
por vinte e tantos anos, a colocar, lisamente, que não vou contribuir, pelo
menos com a minha palavra e o meu gesto, para atapetar o caminho do
autoritarismo e nem tampouco vou atirar pedras nos partidos políticos, pois
eles são os maiores patrimônios que nós temos, bons ou ruins, mas são nossos.
Com eles podemos falar, deles podemos divergir, ou para eles podemos convergir.
Não vou cooperar com nenhum tipo de cooperativismo, nem tampouco com a força.
O Sr. Mano José: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Desejo, em primeiro lugar, me congratular com V.Exa.
porque seu posicionamento tem sido o meu. Eu vejo sempre com tristeza e com
preocupação quando a classe política fica se acusando mutuamente, como se o seu
todo não fosse responsável pelo andamento da coisa pública brasileira. Por
outro lado, o que eu vejo com imensa preocupação é o desgoverno da República.
Nós, hoje, não estamos nem num presidencialismo, nem num parlamentarismo. Estamos
num regime ministerialista. Cada Ministro tem as suas forças de apoio, suas
bases de sustentação e executa a sua política, o seu entendimento. Nenhum
governo - especialmente num País continental como o nosso - pode sobreviver num
sistema em que cada Ministro é praticamente autônomo e o Presidente da
República nem demite, nem nomeia Ministro. Acho que este é o fato mais grave a
que estamos assistindo neste momento. O Presidente da República, hoje, não tem
força para nomear, nem para demitir Ministro. Cada Ministro tem a sua própria
força de sustentação e realiza o trabalho que bem entende. Daí é de se observar
este permanente choque entre os próprios Ministros.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Vereador, diria a
V.Exa. que efetivamente acho que Ministros devem ter força de sustentação,
enquanto contra face ao que V.Exa. expõe, mas concordo com V.Exa. que o
fundamental é que a classe política está sendo atingida, com força de Ministro
ou não. Mas a verdade é que hoje, passado pouco tempo das eleições dos governadores
e prefeitos, todos, sem exceção, estão alcançados na essência das suas
administrações que pretenderiam fazer. Está alcançado também um ideal mínimo
que nós tínhamos, este ideal mínimo que nós tínhamos de pegar essa massa falida
deixada pelo autoritarismo e transformarmos essa massa falida em uma coisa
concreta, efetiva. Não está acontecendo isso. Ao contrário, está acontecendo o
autofagismo político, estão acontecendo as acusações mútuas, e os Senhores
deste Plenário são as maiores testemunhas do que afirmo. Há que se resolver e
há que se chegar a um consenso, o consenso travado pelo debate, é verdade. Há
de haver entre os políticos um programa mínimo, repito, porque o óbvio não está
passando pela cabeça dos políticos brasileiros, e nós, que representamos aqui
os munícipes, estamos sofrendo esses impasses violentos de uma larga política
econômica que, por pior que seja essa política, deve ser una e indivisível e
alguém deve apoiá-la. Afinal, estão esperando que os canhões os apóiem para
traçar uma política econômica? Claro que nenhuma será a ideal, mas uma tem que
haver. A anarquia é confundida com democracia, e nós lutamos foi pela
democracia, nunca foi pela anarquia. A anarquia eram as pessoas que tomavam
deliberações arbitrárias nos gabinetes, e pela força. Nunca se pregou anarquia.
O Sr. Caio Lustosa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Brochado da Rocha, todos nós acompanhamos com
muita atenção o pronunciamento de V.Exa. Realmente, é de se concordar quando
V.Exa. diagnostica essa perplexidade, essa confusão que atinge os arraiais
partidários em geral, sem privilégio qualquer que seja. No meu Partido mesmo,
vê-se a divisão de alas e de caciquismos de políticas de governadores em
conflito e tudo o mais. E eu sou isento para constatar isto. De modo que acho
muito oportuno este pronunciamento. Agora, acho que também a gente deve
transferir, procurando aprofundar essa sua análise, que aliás está muito
adequada, que realmente o que está havendo é uma falência da elite dirigente deste
País, que está, com a sua incompetência, com os seus interesses criados, os
seus privilégios, tentando segurar uma situação recessiva em termos econômicos
e repressiva em termos sociais, uma situação que não pode mais perdurar.
Veja-se a situação hoje que o Estado do Rio Grande do Sul está vivendo e a
nossa Capital está vivendo, administrados ambos por greis partidárias
diferentes, mas tudo num caos total. Vejo, então, com a apreensão, quando o
Ministro do Exército ontem, lá em Osório, chega e diz que é preciso
patriotismo. Estou de acordo. É preciso patriotismo, mas patriotismo de quem?
Se é povo, que foi patriota até agora, ou são as elites, que, por exemplo, no
mesmo palanque, ontem, acotovelavam-se com um prefeito corrupto que tem 23
processos nas costas? Estavam todos festejando o Dia da Cavalaria.
O SR. BROCHADO DA ROCHA: Excelência, meu
pronunciamento, quero deixar bem claro, não tem nada a ver com o pronunciamento
feito por qualquer pessoa. Desvinculo, portanto, esse pronunciamento de
qualquer vinculação. Ele vem da minha análise clara, indevassável, que
sexta-feira última ainda tive oportunidade de fazer. Desvinculo totalmente. Mas
quero, dentro do discurso de V.Exa., terminar o meu. Não acredito que sejam só
as elites dirigentes do País. Acho que não, Vereador. Acho que atrás de tudo
isto existe outra coisa muito mais séria. Acho que atrás de tudo isto se
esconde o monstruoso capital internacional a nos manipular. É verdade que as
oligarquias são decadentes e que se esgotaram, mas também é verdade que atrás
de tudo isto, acima de tudo isto, controlando tudo isto e sobretudo manuseando
a classe política, existe o imperialismo internacional nas suas diversas
formas, que vão desde a comunicação até os mínimos detalhes, cuidando os nossos
passos para nos tornarem políticos sem crédito perante a opinião pública e os
partidos falidos para que o capital estrangeiro tenha um espaço enorme e ocupe
as nossas terras. Vejo isto e encerro o meu discurso a dizer: concordo com o
Ver. Caio Lustosa sobre a falência das elites e dos sistemas e práticas
adotadas, mas também e sobretudo, atingindo todos os segmentos sociais, estão
enquistadas as forças imperialistas que claramente manuseiam os nossos passos,
os nossos caminhos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis
Mantelli):
Liderança com o PT, Ver.ª Ana Godoy.
A SRA. ANA GODOY: Sra. Presidente, Srs.
Vereadores, há bastante tempo não tinha a satisfação de ocupar esta tribuna e
agora volto no momento em que há bastante dificuldade devido ao caos que
acontece em toda a Nação, greves por todo o País, as ocupações dos conjuntos
habitacionais e, principalmente, a ameaça das Forças Armadas de intervir aqui,
no Estado do Rio Grande do Sul, o que foi indiretamente colocado pelo
Secretário de Segurança Waldir Walter durante o dia de ontem, depois de toda a
repressão policial que houve, na madrugada de ontem, no Parque dos Maias.
Durante a madrugada havia helicópteros sobrevoando a área ocupada, e isso aí me
deixa preocupada, pois durante o dia a Brigada Militar estava presente no
momento exato em que se estava dando a ocupação, no sábado à tarde, lá, no
Parque dos Maias, e nada fizeram, pois a imprensa estava presente, com o apoio
de vários partidos políticos e entidades representativas. Porém, depois do fato
consumado, já na madrugada, quanto todos dormiam e já não tinham todo esse
apoio, é que a Brigada agiu com a repressão a mando superior. E o Secretário de
Segurança nos assegurava, isto sim, que ele obedecia a ordens superiores,
ordens do Governo Sarney. O PT foi acusado e está sendo acusado sempre de
incentivar desordens, etc., e principalmente neste fato, lá, no Parque dos
Maias, fomos acusados várias vezes por trabalhadores da Brigada e ameaçados
constantemente, nós, do PT e da CUT. Eu quero deixar registrado aqui que a CUT
não estava presente. Quem estava era a CGT.
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, analisando o caso global,
olhando essas acusações que fazem, eu gostaria de analisar bem claro e gostaria
que todos acompanhassem o meu raciocínio: quem está incitando tudo isto? Logo
após as eleições, veio todo aquele pacote. E agora, realmente, o Governo
Sarney, o Governo Federal, está preocupado em resolver este caos? Porque
decidem que para poder pagar aluguel tem-se que ganhar 10 mil cruzados no
mínimo? E nós vimos que o Governo do Estado não dá isto. E o salário mínimo não
é isto, não é 10 mil cruzados. O Governo Municipal também não dá isto. Então,
ninguém tem direito de morar. Quando falam que o Conjunto Habitacional Parque
dos Maias é particular, fala-se na Caixa Econômica Federal. Esquecem-se de
falar que foi pago pelo dinheiro dos trabalhadores através do Fundo de
Garantia. E o deboche constante? O Ver. Clóvis Brum falava aqui, no início da
Sessão, que as ocupações estavam se dando e sobre a pressão tão grande contra o
Governo Simon, que tinha tão pouco tempo de gestão e não havia possibilidade de
ter resolvido este assunto, mas nós analisamos que já faz quase um ano e meio
que o Governo Sarney está lá, bionicamente colocado através do voto indireto,
através de um colégio que o povo não tem direito de participar.
Já vou concluir, Sr. Presidente, só querendo deixar registrada aqui,
embora o tempo seja tão pequeno para que o Partido dos Trabalhadores possa
falar aqui nesta tribuna hoje, a solidariedade que o Partido dos Trabalhadores
faz a todos estes movimentos, porque é o desespero dos trabalhadores que está
por aí. É o desespero por não ter onde morar, por não conseguir comer e agora
não poder nem mesmo pagar uma passagem para se deslocar para trabalhar. Este é
o desespero, Srs. Vereadores. Vemos, por exemplo, que hoje, se esta Câmara está
funcionando, agradeça-se às ameaças para os funcionários de não poderem entrar
em greve, porque, se apoiarem e estiverem presentes à greve, talvez percam os
seus empregos. E no sábado pela manhã eu já via isto bem estampado quando os
lixeiros estavam fazendo a coleta do lixo e diziam para mim: “Vereadora, nós
temos que trabalhar porque, no momento em que nós chegamos lá para fazer
piquete de greve, havia outros funcionários colocados à disposição para nos
substituir caso nós entrássemos em greve”. Esta pressão é total. Esta pressão
está vindo de todos os lados, esmagando cada vez mais os trabalhadores. E o meu
desabafo fica aqui em dizer que ontem esta Vereadora chorou de emoção ao ver
cair a esperança daqueles trabalhadores que lá estavam lutando pelo direito de
morar. Quando viam uma esperança através daquele “habeas corpus” coletivo, essa
esperança caiu por terra pela madrugada, porque o mesmo juiz que deu o “habeas
corpus” o retirou. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDS. Está
com a palavra o Ver. Mano José.
O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Vive a Nação brasileira um dos momentos mais graves da sua
história, e ninguém pode esconder, ninguém pode ignorar. Vive o Estado do Rio
Grande do Sul um dos momentos mais graves da sua história. O Rio Grande,
através do Poder Público, está parado. O Poder Executivo, Legislativo funcionam
a duras penas, e o Judiciário completamente parado. Que providências se toma
para solucionar esse problema? Nenhuma, porque o Governador Pedro Simon é dono
do Estado. Ganhou as eleições e faz o que bem entende. A Assembléia, através da
maioria do seu Partido, o PMDB, não toma nenhuma providência. Também não faz
nada no sentido de solucionar o problema dos funcionários estaduais, dos
professores estaduais, do Poder Judiciário e de tantos outros. E o caos, como
não poderia deixar de ser, chegou à Prefeitura de Porto Alegre, e os seus
funcionários partem para uma greve em busca de melhores salários. Eu não diria
em busca de melhores condições de vida, mas em busca de condições de vida,
porque, na realidade, a maioria dos funcionários municipais não tem mais
condições de sobrevivência. O Prefeito que hoje governa esta Cidade, às
vésperas das eleições de 15 de novembro de 1985, com um contracheque de
funcionário na mão, dizia: “O salário dos funcionários municipais é muito
baixo. Temos que melhorar, ganhando essa eleição”. Pois parece que até agora
S.Exa. não pôde constatar na prática que realmente os funcionários municipais
ganham pouco. Realmente, a greve que se instalou nesta Prefeitura, nesta
Cidade, é justa. Tanto o Governo Estadual como o Prefeito Municipal dão,
realmente, uma aula de democracia, mandando contar o ponto dos funcionários,
mandando contar as vantagens dos funcionários, mandando exonerar chefias que
entraram em greve. Enfim, não é mais o autoritarismo. O autoritarismo foi o dos
militares apoiado pelo PDS. Mas do PDS não se tem notícias de medidas nem
semelhantes às que foram tomada agora.
Pois bem, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, neste momento grave em que
vive esta Cidade e que passou a ter um número bem maior de desempregados, em
que a recessão começa a atingir as grandes empresas e as pequenas empresas, o
Prefeito Municipal toma uma medida para movimentar, para tirar os ambulantes e
os camelôs do Centro da Cidade. Baseado em quê? Em que haverá implantação do
projeto de prevenção contra incêndio. Este é o argumento para que todos os
ambulantes e camelôs do Centro da Cidade recebessem uma notificação para
comparecer aos altos do Mercado, a partir do dia de hoje, para receberem
instruções para o seu deslocamento, possivelmente para um bairro. E este
Vereador esteve hoje de manhã em cima do Mercado, na galeria municipal, e lá
ficou até as 10h30min, quando não apareceu sequer um chefe para receber os
ambulantes e os camelôs que estavam esperando por uma chefia. Isto é um
desrespeito por esta gente que vive nas ruas para ganhar honestamente o pão de
cada dia. Vamos ter, Sr. Prefeito Municipal e Srs. Secretários do Município,
mais respeito pela pessoa humana. Os ambulantes e camelôs também são criaturas
humanas e merecem o respeito de todos. Lá não havia ninguém para recebê-los e
nem sequer para cumprimentá-los, nem para dizer-lhes que deveriam para de
trabalhar, que eles deveriam, a partir de hoje ou de amanhã, deixar seus filhos
e suas famílias passar fome e miséria. Lá não foram para dizer-lhes. Eles lá
estavam à espera, pacientemente, que alguém os recebesse e explicasse esta
medida neste momento grave de miséria e de fome para todos. E eles deixarão de
trabalhar nas ruas, não baseados no relatório do Corpo de Bombeiros, que diz
que poucos ambulantes estão impedindo a passagem do carro de bombeiros que
eventualmente necessita passar pelas vias do Centro, mas, sim, obstáculos que a
própria Prefeitura colocou nas vias do Centro. Baseado no relatório do Corpo de
Bombeiros quer-se praticar a injustiça. Há pouco tempo, dizia o Sr. Prefeito
que os ambulantes e camelôs que lá estivessem a partir de 1º de janeiro de
1985, lá permaneceriam. Pois a nossa surpresa hoje: os que receberam a
notificação são homens e mulheres que lá estão trabalhando há mais de dez anos
e receberam a notificação. E os novos, como ficaram?
Sr. Presidente, encerro agradecendo a condescendência de V.Exa. e
fazendo um apelo ao Prefeito Alceu Collares para que pense um pouco, para que
reflita um pouco e para que sinta, realmente, que não é hora, no momento
presente, de mexer com aqueles que estão, com muito sacrifício, ganhando o pão
de cada dia para si e seus familiares. Que pense mais uma vez e que não se faça
injustiça contra estas pessoas que, deixando de ir lá trabalhar, possivelmente
passem a saquear, passem a roubar para poder sustentar seus familiares. Este é
o apelo que eu faço através da ilustre Bancada do PDT, que agora, no final do
meu pronunciamento, adentra neste Plenário. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Frederico
Barbosa): A
seguir, passaremos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1.ª SESSÃO
PROC. 0855 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 27/87, que autoriza o recebimento
de imóvel situado na Rua Cruzeiro do Sul, em pagamento de débito de MKS -
ENGENHARIA DE QUALIDADE LTDA., relativo ao ISSQN.
PROC. 0916 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
25/87, de
Vereador Hermes Dutra, que acrescenta parágrafo único ao artigo 13 da Lei de
n.º 3397, de 02 de julho de 1970, que disciplina o comércio de jornais e
revistas nas vias públicas e outros logradouros públicos e dá outras
providências.
PROC. 0917 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
26/87, do
Vereador Jorge Goularte, que denomina Rua Affonso Paulo Feijó a atual Rua “C”,
do Loteamento Jardim Alvorada, nesta Capital.
PROC. 2621 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 35/86, do Vereador Jorge Goularte,
que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Doutor David
Iasnogrodski.
2.ª SESSÃO
PROC. 0872 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
22/87, do
Vereador Jorge Goularte, que denomina Rua Bernardo Tchernin uma via pública.
PROC. 0873 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
23/87, do
Vereador Jorge Goularte, que denomina Rua Israel Starosta uma via pública.
PROC. 0881 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
24/87, do
Vereador Hermes Dutra, que denomina Rua Décio Pelegrini uma via pública.
PROC. 0761 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 07/87, do Vereador Isaac Ainhorn,
que concede o título honorífico de Cidadã Emérita à Senhora Evelyn Berg
Ioschpe.
PROC. 0816 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
19/87, do
Vereador Adão Eliseu, que declara de utilidade pública o GRANDE ORIENTE DO RIO
GRANDE DO SUL, instituição maçônica.
PROC. 0817 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N.º 03/87, do Ver. Luiz Braz, que dispõe sobre o enquadramento de servidores
municipais regidos pela legislação trabalhista (CLT) e estatutários, detentores
de curso superior à época da vigência da Lei Complementar 81, de 14 de janeiro
de 1983.
PROC. 0818 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 25/87, que cria e extingue cargos de provimento efetivo
na Administração Centralizada do Município e dá outras providências.
PROC. 0819 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 26/87, que denomina Praça Pedro
Vergara um logradouro público.
PROC. 0828 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
21/87, do
Vereador Luiz Braz, que institui o estacionamento pago nas vias públicas da
área central do Município e dá outras providências.
PROC. 0572 - SUBSTITUTIVO de autoria do Vereador
Paulo Satte, ao PROJETO DE LEI DO
LEGISLATIVO N.º 07/87, do Vereador Pedro Ruas, que implanta o transporte
hidroviário coletivo de passageiros no Rio Guaíba, que funcionará através de
iniciativa privada, mediante concessão da Secretaria Municipal dos Transportes
e segundo normas técnicas estabelecidas por esta.
PROC. 0822 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º
20/87, do
Ver. Isaac Ainhorn, que denomina Rua Armando Czamanski uma via pública.
3.ª SESSÃO
PROC. 2680 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
EXECUTIVO N.º 18/86, que modifica a Lei Complementar n.º 43, de 21 de julho de 1979, que
institui o Primeiro Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, e dá outras
providências.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Flávio Coulon para discutir a Pauta.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, venho-me manifestar, chamando a atenção que está em terceiro dia de
Pauta, cumprindo, já, toda a tramitação, o Projeto de alteração do Plano
Diretor. Volto a reafirmar a necessidade de uma profunda meditação a respeito
deste assunto. Não me parece algo que possa ser decidido num lapso de tempo
curto. Trata-se da vida futura da Cidade e que necessita de um aprofundado
estudo a respeito deste assunto.
Gostaria de me manifestar, também, com relação ao Projeto do Ver. Luiz
Braz que institui pagamento de estacionamento no Centro da Cidade. Volta esse
Processo, como no ano passado, com vício de origem, já que se trata de matéria
de competência do Executivo, lamentavelmente. Parece uma idéia bastante boa
que, infelizmente, não tem sido aproveitada pelo Poder Executivo, que entende,
evidentemente, de maneira diferente.
O Sr. Cleom Guatimozim: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para informar V.Exa., todas as vezes que esse
Projeto veio, inclusive enviado pelo Executivo, uma duas ou três vezes no tempo
do Prefeito Guilherme Socias Villela, ele sempre esbarra num aspecto de
direito, que é a bitributação. Quando V.Exa. emplaca um automóvel, adquire o
direito de estacionar e trafegar pelas vias públicas mediante o pagamento do
imposto. Se vai pagar novamente, paga duas vezes. Então, é bitributação, o que
é proibido pela Constituição Federal. Sempre tem sido trancado e ido à rejeição
por esse aspecto de direito.
O SR. FLÁVIO COULON: Agradeço, Vereador, porque
V.Exa. esclarece um fato relevante. A dúvida que tenho é que outras capitais
que adotam esse pagamento estariam fazendo ao arrepio da lei. Outras cidades,
como Caxias do Sul, não me consta que tenham argüido a inconstitucionalidade
desse procedimento. Na semana passada, tivemos o prazer de elogiar a
Procuradoria Jurídica da Prefeitura, e devo louvar, então, a informação do Ver.
Cleom Guatimozim e aceitar esse argumento, o qual colocarei em estudo pela
minha assessoria.
Também gostaria de me solidarizar com o Projeto do Ver. Pedro Ruas
sobre o transporte coletivo hidroviário no Rio Guaíba, que funcionará através
da iniciativa privada. Solidarizo-me justamente por causa disso. Trata-se de um
sistema de transporte cuja responsabilidade de exploração ficará inteiramente a
cargo da iniciativa privada, sem ônus para os munícipes e para o Executivo.
Solidarizo-me com esse Projeto, porque entendo que tudo aquilo que se puder
somar em benefício da população, tudo aquilo que a iniciativa privada se
dispuser a fazer para melhorar o transporte é algo que, em princípio, conta com
o meu apoio.
O Sr. Pedro Ruas: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Fiz sinal de que ouvia atentamente o pronunciamento
de V.Exa. até porque, como autor do Projeto, me sinto lisonjeado com as
palavras proferidas da tribuna. Saliento a V.Exa. que o que está na Pauta de
hoje é justamente um Substitutivo apresentado ao meu Projeto, com o qual,
evidentemente, não concordo na medida em que me parece que tira da Secretaria
Municipal dos Transportes a possibilidade de legislar e de estabelecer normas e
regras sobre algo de interesse, essencialmente, do Município. Agora, a
apreciação final dessa matéria, evidentemente, cabe ao Plenário. Da parte deste
Vereador, até por uma questão de coerência, parece-me que o fundamento maior do
Projeto, que é deixar a cargo da SMT e acima de tudo criar esse tipo de
transporte, fica prejudicado em função deste Substitutivo. Faço este aparte
apenas a título de esclarecimento. Parece-me que há um problema na colocação do
Substitutivo e até acredito que o mesmo seja retirado antes da votação. Muito
obrigado.
O SR. FLÁVIO COULON: O que me chama a atenção é
que o Substitutivo parte da Bancada de V.Exa., mas conta V.Exa. com a simpatia
pela implantação deste transporte pela iniciativa privada.
O Sr. Pedro Ruas: O fato de o Substitutivo
partir de minha Bancada não quer dizer que o mesmo deva contar com a minha
aprovação. Por outro lado, chamo a sua atenção para o fato de que, no Projeto,
existe um artigo específico, que eu não recordo agora, mas V.Exa. tem o
Processo em mãos e talvez me auxilie. No Projeto, há um artigo que diz: “O
transporte será feito por embarcações do Município e/ou da iniciativa privada”,
dependendo da SMT determinar isso e fazer as licitações com a lei manda, o que,
aliás, o Projeto prevê. Então, parece-me que aí, exatamente, com toda a humildade
possível, está o mérito do Projeto, na medida que permite à SMT implantar o
transporte ou pelo menos possibilitar a criação do mesmo através da iniciativa
privada conforme regras e requisitos preestabelecidos.
O SR. FLÁVIO COULON: É, eu lhe asseguro que, no
meu modo de entender, se não tivesse “de propriedade do Município”, contaria
mais com as minhas simpatias. Entendo que o Município não tem condições de
investir neste tipo de transportes.
O Sr. Pedro Ruas: O Projeto pode ser emendado
neste sentido. Eu fiz este artigo antes de um contato com o Ver. Elói
Guimarães, na SMT, que achava que não deveria ser cortada a possibilidade de o
Município fazer uma linha própria, assim como a Carris no transporte de ônibus.
Agora, evidentemente que V.Exa. pode emendar o Projeto e todas as Emendas me
parecem que têm uma boa aceitação neste Plenário. Esse artigo é justamente para
não cercear a possibilidade de o Município ter a embarcação para fazer o
transporte. O que me parece é que não tem. Agora, não deveria ser cerceada no
Projeto. Se ele permite apenas à iniciativa privada fazer o trajeto, traria
talvez, no futuro, um transtorno para o Município. Então, deixei essa porta
aberta com esse artigo, mas V.Exa. poderá emendar se V.Exa. entender que é uma
precaução exagerada.
O SR. FLÁVIO COULON: Finalizando, Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, para fazer a referência que trago da firma MKS Engenharia
com o Município, quero chamar a atenção para as objeções que o Auditor-Geral
desta Casa está colocando à respeito dessa transação. Trata-se de um próprio
particular ocupado por uma dezena de subabitações e, no entendimento do Sr.
Auditor-Geral, existem algumas restrições de ordem jurídica nessa permuta de
área. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Adão
Eliseu. Ausente. Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra para discutir a Pauta.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Há um Projeto de minha autoria que hoje cumpre o primeiro dia de
Pauta sobre o que eu gostaria de chamar a atenção dos companheiros. É um
Projeto simples que altera, cria um parágrafo único ao art. 13 da Lei 3.397, de
1970. É ele que disciplina o comércio de jornais e revistas nas vias públicas e
outros logradouros públicos e dá outras providências. Refere-se que hoje,
infelizmente, nós, que defendemos o regime de livre iniciativa de economia de
mercado e que entendemos que a participação do Estado na economia deve ser como
mero elemento regulador, temos que seguidamente estar entrando nesta área, porque
até pela economia, na sua dinâmica, faz com que alguns cartéis se formalizem e
comecem a criar problemas. Formalmente ninguém denuncia, mas se sabe que as
grandes distribuidoras de jornais e revistas impõem aos donos de bancas que
coloquem, para poderem receber determinadas revistas que são de fácil venda e,
por via de conseqüência, são fonte de receita para o dono da banca, que
coloquem em lugar privilegiado para que o público as veja. Como resultado desta
política nefasta, que, repito, ninguém denuncia - sei lá por que, mas existe -,
as pequenas publicações, Ver. Aranha Filho, esses jornais locais que não os
grandes jornais, quando querem ser encontrados nas bancas, temos que entrar,
perguntar para o dono e ir atrás de uma grade, atrás do caixote, levantando o
baú. Aí está aquele jornalzinho, muitas vezes feito por um pequeno grupo de
pessoas esforçadas que se dedicam a dar uma imprensa alternativa. E Porto
Alegre tem uma série de jornais de bairros, que não são os quatro grandes
jornais que nós temos circulando, que são o Diário do Sul, Correio do Povo,
Zero Hora e Jornal do Comércio. Temos o RS, o Pasquim Sul, temos as revistas
editadas pelo Movimento Tradicionalista, temos esses jornais de bairros, alguns
já bastante circulados, sendo vendidos em bancas, temos uma série de
publicações locais que precisam ter um apoio para que a população as visualize
e, consequentemente, possa comprá-las. E a nobre Ver.ª Bernadete Vidal concorda
comigo, porque, se a população não enxergar essa publicação, não vai saber que
existe. E como elas não tem condições fiz esta ressalva para que V.Exa. não
entendesse como discriminação com os cegos. Aliás, falando em cegos, Ver.ª
Bernadete Vidal, fazendo um parêntese aqui, fui a Curitiba há duas semanas
atrás, às minhas expensas, participar de um evento de chefes escoteiros e lá
fiz uma visita a um local e fiquei impressionado. Nos postes das ruas de
Curitiba e nas metades deles, há uma plaquinha com o nome da rua escrito em
braille para que o cego passe a mãozinha ali e saiba em que rua está. Este é um
desabafo extrapauta, Ver.ª Bernadete Vidal.
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Hermes Dutra, é que os cegos aqui são tão bons
que conhecem as ruas sem o braille nos postes. Eu e os companheiros damos lição
de Porto Alegre para muita gente com olhos perfeitos. Acho que, sem discutir o
Projeto que V.Exa. estava discutindo em Pauta, mas V.Exa. me chamou ao aparte.
O Ver. Nilton Comin me deu esta sugestão, e eu já sabia. Agora, sinto-me mais
feliz em lutar para que 27 cegos não sejam corridos do Centro da Cidade, que
estão com sua banquinha de frutas, de lutar para que haja cegos programadores,
telefonistas, massagistas e um sem-fim de profissões, e, em último caso, boto
também as plaquinhas em braille aí na rua, mas, sinceramente temos um
treinamento ótimo em Porto Alegre. Vou dizer a V.Exa. uma coisa: seria bom que
as calçadas da Cidade de Porto Alegre fossem arrumadas, porque cegos e outros
deficientes que andam com bengala encontram intransitáveis as ruas. É muito
melhor isto do que o braille no poste.
O SR. HERMES DUTRA: É verdade, Vereadora.
Fechando o parêntese, porque o Presidente já me olha, e com razão, porque estou
saindo da Pauta. Retornando ao Processo, o que o Projeto visa é exatamente
facilitar o aparecimento destas publicações nas bancas. Em isto acontecendo,
obviamente pelo menos a população vai saber que existe um jornal chamado RS,
que circula às sextas-feiras, porque estará exposto, e, principalmente,
pequenas revistas que são editadas na Cidade, que são editadas e que muitas
vezes nem ficamos sabendo, porque só enxergamos ali o Capricho, o Contigo, o
Comigo etc. etc., que são distribuídos pelo Fernando Chinaglia e por tantas
outras distribuidoras que certamente impõem ao proprietário da pequena banca a
disposição dessas revistas porque sabem que essas revistas vendem muito e que
ele depende de recebê-las para ampliar um pouco o seu ganho. Então, o que se
quer fazer não é discriminar ninguém, não é forçar ninguém. Quer-se, apenas,
favorecer as pequenas publicações locais. O Projeto é muito claro. Vou ler:
“Ficam os licenciados obrigados a expor à vista do público, nas bancas,
estantes e grades metálicas, as publicações editadas localmente”. Então, todas
as publicações editadas em Porto Alegre terão prioridades no espaço das bancas,
ao invés de colocarmos ali a revista Contigo, que poderá ser colocada só se
houver lugar para a revista Tarca. Se não houver lugar para as duas, coloca-se
a revista Tarca - que é uma revista do tradicionalismo - e a revista Contigo
vai lá para o fundo onde estão lá, hoje, as edições feitas localmente.
O Sr. Paulo Sant'Ana: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu parabenizo V.Exa. por ter feito um Projeto legal,
constitucional, porque 90% dos projetos que se fazem nesta Casa são ilegais e
inconstitucionais. Perguntaria a V.Exa. o seguinte: de nenhuma forma o Projeto
de V.Exa. interfere na autonomia do dono da banca, ou do permissionário, fazer
o negócio que ele quer fazer, colocar a revista onde ele quer colocar? Veja
V.Exa. - vou fazer um paralelo: os táxis, feito um projeto nesta Casa, terão
que estar com os aparelhos receptores de rádio sintonizados nas rádios tais.
Nós interferiríamos na vontade do motorista de táxi. Ele também é um permissionário.
V.Exa. não se preocupa com isto? V.Exa. acha que o Poder Público pode obrigar
uma revistaria a dar prioridade, que é uma excelente idéia, às publicações
locais sem interferir na autonomia negocial do permissionário? Muito obrigado.
O SR. HERMES DUTRA: Veja V.Exa.: se a IBM
quiser fabricar minicomputadores no Brasil, não pode fazê-lo, Vereador, porque
há uma Lei da informática que proíbe porque quer que as empresas nacionais, que
são associações com o capital majoritário, fabriquem minicomputadores para
desenvolver a indústria nacional. Eu tenho algumas críticas a esta Lei.
Inclusive, só estou citando um exemplo, porque o espírito dela é ótimo:
favorecer para que o público possa ver. Se não, vem a IBM e massacra.
Então, o que acontece é isto: ele poderá expor a revista Contigo, desde
que exponha um lado da revista Tarca. O que se quer é que a publicação local
apareça. Eu me dei o trabalho de ir olhar as bancas. Realmente, para encontrar
um jornal pequeno da Cidade, tem que se entrar lá dentro. As grandes
distribuidoras forçam a colocação ali. É o poder econômico. Se houver uma lei,
poderá chegar lá, o Sr. Paulo Sant'Ana e dizer: “Eu quero colocar a minha
revista. Pode colocar no local, porque a lei obriga.” Então, eu não vejo como
interferência. Vejo mais como uma regularização, um benefício para as pequenas
publicações locais. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, solicito
seja feita verificação de “quorum”.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada dos Srs. Vereadores.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada). Não há
“quorum”, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Constatada a inexistência
de “quorum”, encerro os trabalhos da presente Sessão e convoco os Srs. Vereadores
para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.
(Levanta-se a Sessão às 16h37min.)
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